O consagrado maestro Gustavo Dudamel esteve em Lisboa para dirigir a estreia da nova Orquestra Juvenil Ibero-Americana. O fenómeno venezuelano deixou um alerta: "É preciso levar a música às comunidades que não têm acesso a ela". "Há muita gente que não sabe o que é a arte porque não tem acesso a ela, e um povo sem cultura é um povo sem alma", apontou Gustavo Dudamel, ontem, ao início da noite, no Grande Auditório da Fundação Gulbenkian. Minutos antes do Concerto, os seus estrategas subiram ao palco para uma breve apresentação do projecto. Entre eles, estava o maestro José António Abreu (na foto), fundador do "El Sistema", método pedagógico que em poucos anos pegou em 300 mil crianças carenciadas da Venezuela e fez de muitos deles alguns dos melhores jovens instrumentistas da música clássica no planeta.
É, pois, uma referência mundial a nível de pedagogia musical e não foi à toa que ontem lá esteve presente: o programa Iberorquestras analisa e toma como referência as experiências desenvolvidas com êxito no Sistema Nacional de Orquestras Infantis e Juvenis da Venezuela. Ernesto Iglésias teceu rasgados elogios a José António Abreu, "o grande inspirador, criador e mentor". Gustavo Dudamel foi ainda mais longe: "Não me canso de dizer que ele é um anjo por ter criado todo este mundo e universo gigante, não só no nosso país, porque tem sido inspirador em toda a parte", frisou o jovem maestro, citando exemplos como "os focos deste sistema que já existem na Escócia, na Alemanha ou em Los Angeles, Estados Unidos. Isso quer dizer que a mensagem está a chegar", rematou Dudamel. Portugal não é excepção. A própria Fundação Calouste Gulbenkian tem vindo a erguer, nos anos mais recentes, o projecto das Orquestras Juvenis Geração junto de jovens e crianças de bairros problemáticos das periferias de Lisboa. Já existem três orquestras e outras seis estão prestes a germinar, seguindo o exemplo da "utilização do ensino da música como meio para favorecer a inclusão social".
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