sexta-feira, dezembro 18, 2009

O recriar da Tradição – Madeiro de Natal volta à Cidade da Covilhã pela Banda da Covilhã com o apoio da Câmara

A Banda da Covilhã lança mais um projecto visando recriar uma tradição que se perdeu na Cidade da Covilhã: o Madeiro de Natal. Tradição fortemente enraizada na região, o madeiro de Natal constitui uma forma de celebrar o natal em comunidade e partilha. Em colaboração com a paróquia da N.ª Sr.ª da Conceição e o apoio logístico da Câmara Municipal da Covilhã terá o seguinte programa: Dias que antecedem a consoada, preparação do madeiro; Dia 24 de Dezembro pelas 00:00 Missa do Galo na Igreja de S. Francisco presidida pelo Sr. Pe. Fernando Brito; pela 1:00 tradicional beijo do Menino e procissão até ao madeiro, onde será aceso.
Relato de uma consoada nos anos 50:
“Com madeiro, muito maior do que hoje se arranja para manter a tradição, e sem as prendas que actualmente também lá fazem a alegria das crianças, o Natal numa aldeia da Beira, nos anos 50, era a festa do Menino Jesus e das filhoses. O Deus Menino motivava um sem número de histórias contadas à volta do lume, a lareira onde todos se aqueciam e se cozinhava em bojudas panelas de ferro com três pés e negras como o alcatrão. Quanto às filhoses, feitas com farinha, água e azeite, eram fritas em enormes quantidades e constituíam o alimento principal durante mais de duas semanas. Era difícil haver uma casa onde não se fizessem filhoses e os que tinham menos sempre iam recebendo-as de oferta dos mais abastados.” O primeiro sinal de Natal era dado pelos rapazes com idade de irem à inspecção para o serviço militar. Como ainda hoje acontece, cabia-lhes arranjar o madeiro, três ou quatro árvores com que na noite da Consoada se fazia uma enorme fogueira à porta da igreja para aquecer o Menino Jesus e animar a rapaziada. Enquanto batiam com uns maços compridos na lenha a arder, gritando “madeiro, madeirinho” e faziam saltar milhares de faúlhas luminosas, as cantigas improvisadas iam muitas vezes parar ao refrão “Natal, Natal, filhoses com vinho não fazem mal”. E não faziam. Ultrapassadas as questiúnculas provocadas pelo tradicional roubo das árvores para o madeiro que sempre irritavam os proprietários ‘roubados’, sobretudo se a apanha da azeitona ou trabalho no lagar corria menos bem, os rapazes faziam o aquecimento para a festa percorrendo as casas dos parentes mais ou menos próximos para juntar umas filhoses acabadas de fritar e beber copitos de vinho em série que só não os embebedavam irremediavelmente, porque o frio gélido, com ameaços constantes de neve, ‘queimava’ muito álcool. IN: Madeiro de Natal LOMBARDO

1 comentário:

Anónimo disse...

Mais uma vez tenho de reconhecer o dinamismo e a teimosia da Banda da Covilhã.. Parabéns pela iniciativa