terça-feira, fevereiro 12, 2008

Ensino Artístico: Centenas de pessoas no Conservatório de Lisboa contra a reforma do governo

In: www.rtp.pt. Alunos, pais e professores concentraram-se ontem de manhã à entrada do edifício para exigir a manutenção das iniciações musicais, bem como dos regimes supletivo e articulado (que permitem ao aluno ter formação especializada no conservatório e formação geral noutra escola), aproveitando a visita de uma delegação do Ministério da Educação (ME) ao Conservatório.
Na escola do Bairro Alto, alunos das classes de iniciação deram um pequeno concerto para um salão nobre apinhado. "Este concerto é a prova de que as iniciações são o garante do conservatório", declarou Hernâni Nabeiro, da Associação de Pais da escola de música, que garantiu ser "essencial manter os três moldes de ensino, para os pais terem liberdade de escolha."Também Tiago Figueiredo, professor de formação musical, considerou que o concerto de hoje espelha a própria escola, que "começou muito pequena, há 170 anos, mas hoje está a funcionar bem e está finalmente a democratizar-se". Segundo dados do ME, actualmente apenas um por cento dos alunos tem acesso ao ensino artístico especializado, número que o ministério que fazer aumentar disseminando estes cursos pelas escolas básicas e secundárias. Tiago Figueiredo afirmou que o ME está a "confundir duas coisas completamente diferentes": um ensino de excelência, garantido pelos conservatórios, e os conhecimentos musicais básicos, que devem ser garantidas pelas escolas gerais, "de forma complementar". Os manifestantes garantem que a reforma ditará o fim do Conservatório nos moldes actuais e fará com que 75 por cento dos alunos deixem a escola de música, muitos dos quais poderão ter de abandonar a formação musical de qualidade se não optarem por escolas privadas. Findo o concerto, centenas de alunos e professores cantaram em uníssono os versos de "Acordai!", poema de José Gomes Ferreira musicado por Fernando Lopes-Graça.Outro momento simbólico da manifestação uniu depois os manifestantes de mãos dadas em torno do edifício, com "um significado muito importante", afirmou à Lusa Luís Cunha, professor do Conservatório."Estamos a defender esta casa - não só os muros, mas tudo o que representa", sublinhou.Professores e alunos reuniram-se depois em assembleias separadas para discutir as próximas acções.Prometem continuar a luta através de concentrações diárias junto ao ME, e de uma manifestação nacional na próxima Sexta-feira, que reunirá membros de escolas públicas de música de todo o país junto à Assembleia da República para um "concerto mudo".

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