Manchester, por força de dois futebolistas, pode ser hoje entendida como um local onde se concentra talento nacional. Mas a genialidade nacional veste-se de muitas roupagens. Catarina Rafael, violoncelista nascida numa das mais periféricas aldeias do concelho da Covilhã, vai levar para a mesma cidade inglesa, virtudes que lhe são já reconhecidas por quem a convidou para integrar a Royal Northern College of Music. Motivo de orgulho para a própria que, dada a juventude, pode limar muitas arestas e tornar-se uma executante de qualidade, mas também para os estabelecimentos de ensino por onde passou.A Escola Profissional de Artes da Beira Interior, pese embora todos os problemas que tem passado nos últimos anos, tem visto alguns dos seus alunos singrarem em escolas no estrangeiro, em países com maiores tradições que Portugal. E é essa falta de tradição em grandes orquestras que leva Catarina Rafael a dizer que um convite para integrar a Orquestra Filarmónica de Berlim faria com que já não voltasse a Portugal. O nosso País não tem meios – nem público, talvez – para se dar ao luxo de ter uma orquestra de renome mundial, nem mesmo europeu, e como em muitas outras áreas resta a crua realidade de vermos profissionais promissores ou já com provas dadas, partirem para outras paragens. É óbvio que todos têm o direito de procurar o reconhecimento profissional nos melhores locais; mas também é necessário que o País saiba oferecer condições para, também ele, evoluir com o trabalho dos melhores. A julgar pelo que se ouve e lê, não tem feito esse trabalho devidamente.
Por Rodolfo Pinto Silva In: www.diarioxxi.com
Nota: Parabéns Catarina e Toda a Sorte! A Foto foi tirada ao lado de uma grande Violoncelista - PROF MADALENA SÁ E COSTA aquando do Concurso de Arco Júlio Cardona 2007.
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