terça-feira, abril 03, 2007

Ópera desaparecida de Vivaldi estreia no São Carlos - "MOTEMUZA"


"Motemuza", uma ópera em três actos de António Vivaldi, desaparecida durante muito tempo e recentemente encontrada numa biblioteca de Berlim, tem estreia marcada para dia 4 de Abril, no São Carlos, em Lisboa.


Esta obra foi representada pela primeira vez em Veneza em 1733, depois o manuscrito da música desapareceu e só foi descoberto em 2002 no arquivo da biblioteca musical da Sing-Akademie de Berlim.


No Teatro Nacional de São Carlos, a ópera vai ser apresentada com encenação do italiano Stefano Vizioli e sob a direcção do maestro norte-americano Alan Curtis, um especialista em repertório barroco.


"É uma ópera que não fala de amor ou dos temas tradicionais nas óperas. É mais uma ópera política que fala de contrastes entre culturas", disse à Lusa o encenador. A acção decorre em 1519 durante a conquista do México pela Espanha e fala da destruição da cultura azteca.
Motezuma, a figura central desta obra, é o imperador do México vencido pelo conquistador espanhol Fernando Cortés.

A ideia de contraste entre dois mundos, de uma cultura que vence outra destruindo-a, orientou a encenação que Vizioli concebeu para "Motezuma". "A minha primeira preocupação foi contar uma história", referiu. "Com a liberdade total que tinha para escolher a forma de representar uma ópera que nunca tinha sido apresentada, preferi estilizar o mundo de Espanha - cujas figuras surgem sombrias, um pouco como na pintura de El Greco - e o mundo dos aztecas", adiantou o encenador italiano, que disse ter ficado encantado com a possibilidade de trabalhar pela primeira vez nesta produção com Alan Curtis. "Sempre gostei muito do repertório barroco, que dá muito mais liberdade aos encenadores do que compositores como Mascagni [autor de Cavalleria Rusticana], o encenador deve recriar um mundo visual, é uma liberdade essencial", salientou.Vizioli referiu também que decidiu utilizar a sala do São Carlos como fazendo parte da cenografia. Durante a representação, a sala nunca ficará às escuras, haverá sempre luz "para se poder ver os espectadores".

Do elenco constam cantores que colaboram com o agrupamento Il Complesso Barroco, um ensemble dedicado essencialmente a repertório de finais do Renascimento e do período barroco, dirigido por Curtis. Vito Priante vai interpretar Motezuma, Mary-Ellen Nesi faz de Mitrena [a mulher de Motezuma], Maite Beaumont faz o papel de Fernando Cortés, Theodora Baka é Ramiro, o irmão de Cortés, Laura Cherici é Teutile, filha de Motezuma e Mitrena, e Gemma Bertagnolli é Asprano, um general do México. "São especialistas em canto barroco e são artistas que querem fazer teatro e não apenas um concerto com trajes de uma época, já não se vê muito os cantores que estão parados em cena a cantar. A ópera é teatro", adiantou Viziole.

Esta ópera vai ter cinco récitas no São Carlos, nos dias 4, 5, 9, 10 e 11 de Abril, sendo a cenografia de Lorenzo Cutùli e a concepção dos figurinos de Annamaria Heireich.
In www.rtp.pt (Cultura)

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